Em entrevista ao UOL e à Folha de S. Paulo, o segundo colocado na corrida à presidência nas eleições de 2018, Fernando Haddad (PT), fala sobre o governo Bolsonaro, sobre a possibilidade de Lula retomar os direitos eleitorais e sobre 2022. E alfineta dois prováveis concorrentes do PT em 2022: “Na esquerda, o Ciro, e, na direita, o Doria, ambos terão uma dificuldade muito grande de se descolar daquilo que ajudaram a construir”.
O petista descreveu o primeiro ano de governo Bolsonaro como “confusão generalizada”, da qual a imprensa é prisioneira. Argumentou que a gestão “faz muito barulho contra si própria” e chamou de “quarteto fantástico fundamentalista” os ministros mais polêmicos de Bolsonaro: Damares Alves (Mulher e Direitos Humanos), Abraham Weintraub (Educação), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Ricardo Salles (Meio Ambiente). Mas atribui a responsabilidade dessa desorganização ao presidente:
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“Vou atribuir a quem? Ele é o governo, faz um ano já. Vai fechar um ano. Mas é um ano que o Brasil perdeu dez, mas ele ganhou um. Ele sobreviveu um. Essa é a conta que o governo faz.”
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Questionado sobre a possibilidade de Lula concorrer em 2022, disse que, como cidadão, gostaria de vê-lo candidato. E reiterou uma declaração da campanha de 2018: “Este país só vai encontrar paz no dia em que Lula subir a rampa do Planalto.” No entanto, ressaltou que o próprio ex-presidente tem dúvidas, já que em 2022 terá 77 anos.
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“Lula é um político incomum. Isso é reconhecido pelos adversários. [São necessárias] muitas décadas para você ter uma pessoa com o destaque político do Lula.”
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O ex-prefeito de São Paulo lembra que, em janeiro de 2018, Lula o convidou para ser ministro da Fazenda caso fosse eleito. Haddad confia na “densidade eleitoral, enraizamento na sociedade e legado” do seu partido, e afirma que o PT conseguirá superar o antipetismo nas próximas eleições.
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“O PT foi exitoso de conseguir colocar um candidato no segundo turno, no ano passado, com o Lula preso. Foi um feito, sob todos os aspectos. São raros os casos em que isso acontece no mundo, de um candidato ser preso e, nesse partido, o seu principal cabo eleitoral colocar um candidato no segundo turno.”
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O ex-ministro da Educação evita fazer previsões sobre 2022, mas garante que é “um atleta disciplinado” e está disposto a cumprir a função que seu partido lhe designar:
“Se for comparar com um atleta, eu chego no horário do treino, não falto, faço mais exercício do que o técnico manda. Porque eu me sinto membro de um time que quer disputar o campeonato para ganhar. Se eu vou ser o artilheiro, capitão do time ou técnico, nós vamos ver. Mas eu pertenço a um time que quer mudar o Brasil para melhor.”
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